Planeja Comigo: Carreira — Do Caos surge a Ordem

Ser uma pessoa multidisciplinar e escolher uma carreira não é lá das tarefas mais fáceis.

Ana Carolina Barreto
8 min readJan 31, 2019

Existem muitos artigos sobre como escolher sua carreira, independente do momento de vida que você está ou do que gosta de fazer. Esse não é um deles. Aqui pretendo compartilhar como estou planejando minha carreira, que ações pretendo tomar e refletir sobre a eficácia delas. Sem estresse, procurando ordem e felicidade, a própria Marie Kondo do planejamento carreirístico.

Pra quem chegou agora

Olá bom dia boa tarde boa noite! Vou te dar um pouco de contexto: nos anos de 2017 e 2018 eu fui estudante da Apple Developer Academy, programa para capacitar desenvolvedores das tecnologias Apple. Eu entrei na Academy com o objetivo de me tornar A Melhor Programadora Do Mundo™️, que saberia resolver qualquer probleminha com 5 minutos e um café. Bom, isso não aconteceu.

Durante o programa eu construi um conhecimento esparramado por várias áreas, desde gestão até psicologia, além de me aperfeiçoar como programadora e designer. Sempre fui uma pessoa bem generalista, que tem interesse em entender um pouco de tudo e que gosta tanto de planejamento estratégico quanto de botar a mão na massa (ou no código, se me permitem) e meu processo na Academy só potencializou isso. Muito da contribuição que eu que trago é justamente por ser essa pessoa de múltiplos conhecimento.

O que tem me incomodado no momento é que eu QUERO ser especialista em alguma coisa. Eu QUERO ser muito f*da em um tema, referência pras pessoas ao meu redor. Eu só não sei no QUÊ. A única coisa que eu sei é que tem que ser em algo que eu sinta TESÃO em fazer. Minhas competências (hm, competente d+ ela) tem o potencial de me puxar pra mil caminhos diferentes, e eu não sei por qual seguir.

Será que ainda quero virar A Melhor Programadora Do Mundo™️? Será que trabalhar em uma empresa da hora me basta? Será que a vida acadêmica — pesquisar, dar aula, etc — é pra mim? E empreender? Será que devo largar tudo, comprar uma kombi e viajar pela America Latina? Será que eu vou ter que inventar uma nova função que eu consiga misturar programação, design e negócios e tudo o mais? Sei lá sabe, tipo… “Devigner”?! Não, isso não é. Enfim, sei lá.

Precisamos respirar um pouco aqui e voltar em fevereiro de 2018. *música de harpa de flashback*. Eu, com meus cabelo roxos encaracoladíssimos ao Sol, preparada para começar mais um ano de faculdade, plena e já maluquinha com esses questionamentos. O que o ser humano faz quando tem dúvidas na modernidade? Isso mesmo, procura no google. Sem muita pretensão, mais pra começar a me situar no assunto mesmo, caí nesse artigo do MIT “Make a Career Plan”.

Bom, vamos analisar aqui rapidinho: o artigo está publicado no site específico do MIT sobre Carreiras e Desenvolvimento Pessoal, em uma lista bem bonitinha de passos, tudo com links de conteúdo aprofundado, maravilhoso. Era um pote de ouro, com certeza. Eu li o primeiro tópico e empaquei na mesmíssima hora. Lendo o artigo, a sensação que me tomava era de ainda não estar pronta pra mexer com isso. Vida que segue. Os projetos do ano começaram, muitas coisas pra fazer, faculdade, Codando Juntas, cervejinha do fds, a vida… E esse link continuou lá, fixado no meu navegador. Por meses. MESES. Eventualmente eu acessava, dava uma lida e “SERÁ QUE AGORA VAI??” mas não ia. Tudo já desandava logo de cara, no objetivo do primeiro tópico: “Descubra o que você quer fazer com a sua vida”.

Não sei se já deu pra perceber, mas eu tô perdidassa

Além de eu gostar de coisas demais, eu queria com uma pesquisa no google ter um lista de carreiras possíveis que caíssem como uma luva pra mim. Eu não precisava só adquirir mais conteúdo técnico, eu precisava também ter noção do que me da vontade de sair da cama todo dia. A minha lacuna de conhecimento aí era 100% sobre mim mesma. Quando eu li esse guia do MIT pela primeira vez, eu empaquei justamente por não me conhecer.

Partindo do pressuposto de que auto conhecimento é uma habilidade que pode ser aprendida tanto quanto qualquer outra, no final de 2018 me desafiei a fazer “100 Dias de Auto Conhecimento” que, como o nome sugere, consiste em estudar o tema durante 100 dias. Desde então, devagar e dia após dia, venho construindo um conhecimento gigantesco sobre mim mesma. O desafio já acabou, mas continuo lendo pra caramba, meditando, sempre prestando atenção no meu corpo, ouvindo o episódio SENSACIONAL do mamilos sobre inteligência emocional (recomendo), conversando com as pessoas ao meu redor, pedindo feedback, etc. Se você me acompanha no twitter @thepurpleana você já sabe de tudo isso, mas esse desafio realmente mudou como eu reajo ao mundo e a mim mesma.

E, olha, inteligência intrapessoal + amor próprio = super poder.

“O ser humano só muda quando a dor de permanecer for maior que a dor de mudar”

Vou botar mais uma vez pra você ler de novo: “O ser humano só muda quando a dor de permanecer for maior que a dor de mudar”. Poético, né? Outro dia eu tropecei nessa frase e algo clicou. Ficar do jeito que eu tô agora TÁ DOENDO MUITO! Não sei se você percebeu meu incomodo nos parágrafos anteriores rsrs. Pelos últimos meses eu venho pegando essa dor, essas dúvidas, essa sensação de estar perdida e tentando transformar em algo que me dê uma direção, pra ver se eu finalmente consigo descobrir que carreira quero seguir — ou NO MÍNIMO aprender o que eu não quero. É muito cedo pra dizer se tá funcionando ou não, mas é com essa energia que eu venho para o novo ciclo na Academy. Em 2019 e 2020 terei a HONRA de ser Monitora com M maiúsculo (puxa-saco d+ porém amor é isso) e trago essa bagagem toda comigo.

Programação vs. Design vs. Vida Acadêmica vs. Empreender vs. Qualquer Outra Coisa

Pensando em tudo isso que papeamos até aqui — minhas dúvidas com a Carreira, meu novo papel na Academy — e inspirada por várias metodologias que aprendi esses 2 anos, eu desenvolvi um exercício para tentar lidar com essa bagunça. Se quiser fazer comigo, é hora de pegar papel e caneta e começar — ou abrir um .txt caso você seja modernin.

#1: Listar todas as coisas que quero fazer

E quando eu digo todas é TODAS. “Ai seria muito legal saltar de asa delta comendo frango assado” show, tá na lista. Não é hora de preocupações em como fazer, mas sim no que você quer. Pra me organizar melhor, eu escolhi dividir em 4 categorias — Desenvolvimento Pessoal, Programação, Design, Outras. Aí escrevi 10 objetivos para cada, 40 ao total (defini isso bem arbitrariamente, foi o que fazia sentido pra mim).

#2: Entender a motivação por trás daquilo

Tão importante quanto saber o que você quer fazer, é saber o porquê. Por mais que subconsciente, a gente tem motivos e motivos pra tudo nessa vida, então antes de seguir, aproveita esse momento pra refletir e se conhecer mais.

Com minha lista em mãos criei uma planilha, botei todos meus objetivos lá e, um a um, fui escrevendo o porquê eu queria fazer aquilo. Alguns a resposta foi “porque sim” outros tem um textão maior que esse daqui.

#3: Priorizar

CHEGOU A HORA DA VERDADE! Agora você pega a lista, abraça e diz obrigada… não pera. Olha bem pra essa lista. Olhou? Pensa na pessoa que você está trabalhando pra se tornar. Pensou? Respira fundo e seleciona os 5 TOP objetivos que mais te dão vontade de fazer. Seja porque realiza o seu maior sonho de vida ou porque finalizar aquilo vai te livrar de uma dor de cabeça que te incomoda faz tempo, são os que você olha e pensa QUE OBJETIVÃO DA PORRA! E não tem naaada a ver com o tamanho, mas sim com a inquietação que ele te provoca. O coração bateu mais forte? É ESSE. Se tiver difícil de escolher da um tempo, vai tomar um sorvete, respira, depois de amanhã ou semana que vem você continua.

Meus Objetivões da Porra:

  • Entender meus valores principais e exercitá-los;
  • Tirar as mini-certificações do CBL;
  • Desenvolver um App (do conceito à publicação) sozinha;
  • Publicar um artigo por mês no Medium;
  • Desenvolver minha pesquisa sobre ambientes de inovação seguros.

É aquele velho “A vida é feita de escolhas” — bleargh. Não sei você, mas quando eu penso em escolher já interpreto como “abrir mão PRA TODO O SEMPRE”, e a vibe aqui é completamente outra. Definir seus Objetivões nada mais é que decidir ao que dar atenção PRIMEIRO. Eventualmente você pode até completar a lista inteira.

#4: Estruturar um Plano de Ação

Aqui é a hora de exercitar o conceito de estratégia, do grego strateegia. E essa é uma das partes do processo que mais toma tempo. A ideia aqui é criar uma trilha que te leve até aquele Objetivão. Cada passo nessa trilha é uma meta, e pode ser um passinho ou um passão, você que sabe. Se você gosta da metodologia SMART pode ser uma boa aplicar nesse momento.

Por exemplo:

  • Objetivo: Publicar um artigo por mês no Medium
  • Meta #1: Brainstorming de possíveis temas.
  • Meta #2: Definir o tema de Janeiro até dia 6.
  • Meta #3: Rascunhar estrutura do artigo até dia 16.
  • Etc.

Eu vou ser bem sincera e falar que já tava de saco cheio de planejar e queria começar a fazer logo, então decidi ir decidindo. Depois posso contar em mais detalhes como estou fazendo isso, caso seja de interesse :)

#5: Começar

Agora já sei o que, quando e como farei cada uma dessas coisas é só fazer. Simples assim KK K K K K K RISOS K K K.

Particularmente, eu sempre achei executar a parte menos problemática do processo todo, mas aqui obviamente depende da curva de aprendizado de cada tarefa (e de cada um).

Resumindo tudo isso

Meu objetivo com esse exercício foi decidir onde investir meu tempo com sabedoria. Eu quero ser foda, só me falta ter certeza de com o que. E 2019 tá aí pra isso. Hoje continuo perdida, mas pelo menos sou uma Perdida Com Um Plano, o que já é uma evolução.

Vou contar um segredo pra você: eu odeio todo e qualquer artigo que tenta simplificar demais essas coisas. Muita gente que publica sobre organização e planejamento na interwebs fala só sobre os resultados, e não sobre o processo. Sabe quando você assiste Discovery Home & Health e em 45 minutos eles reformam uma casa, e aí você EMPOLGADONA vai tentar pintar seu quarto e demora 4–5 dias? É exatamente isso! (só um exemplo tá, isso nunca aconteceu comigo rsrsrs.)

Justamente por essa ilusão imediatista que decidi escrever esse texto de uma maneira bem pessoal, contanto toda minha jornada. Não foi em 5 minutos que eu fiz tudo isso e não quero que ninguém pense que foi. Qualquer trabalho de pesquisa — seja sobre você, seja pra faculdade — toma tempo pra ser bem feito. Aproveite seu tempo, aprenda com os altos e baixos, assim é possível construir algo cada vez mais sólido e que tenha mais valor pra você.

E aí, gostou desse texto? Achou maisomenos? ODIOU? Deixa sua opinião aí ou me manda lá no twitter @thepurpleana :)

Até a próxima!

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Ana Carolina Barreto

analista de dados, designer, programadora e problematizadora profissional.